Por @jotamombaca_
Achei bonito à beça quando vi nascer, mais cedo hoje (03/11), no twitter, de forma quase espontânea – com o empurrãozinho de @Quiteriakelly -, o movimento para o #baixodenatal, uma potência de contracultura que parece abranger muito mais do que a rixa de quase todos os artistas da cidade com a Capitania das Artes, mas também uma pulsão subversiva, de contra-mola, de canção para segurar a primavera entre os dentes.
Enchi o peito de esperança e de beleza, fui arrebatado pela força da idéia e confesso que me senti feliz por ser artista aqui e agora. Depois de passada a turbulência do nascimento da idéia, pus-me a pensar (quase) racionalmente na idéia e surgiram-me coisas a dizer. Para isso, estou reunindo estas palavras minhas e direcionando-as a todos os que pretendem engrossar este caldo subversivo, como forma de contribuir com o movimento e de fomentar esta iniciativa tão cara, tão linda, tão arretada, que nos há de alimentar mais a alma que a pança nestes tempos (novos) que virão. Seguem-se a este parágrafo as tais coisas a dizer que tenho.
Para começo de conversa, penso na necessidade de criar circuitos. Ou seja, fazer do #baixodenatal mais que o evento teatral baseado na Ópera-coco de @bucadantas, abrindo-o para outros eventos que possam surgir, eventos que abranjam várias linguagens e que criem um trânsito de públicos pela cidade, fortalecendo a noção de movimento e criando circuitos de encontros que podem vir a proporcionar novos eventos espontâneos e mais: a constituição de uma nova pragmática mesmo, de uma forma diferente de ir-e-vir e de ser-e-estar. Criar estes circuitos para interferir nos circuitos pré-estabelecidos do cotidiano, para começar este processo político de colocar-se para o mundo, para o tempo, para as pessoas e para nós mesmos no espelho.
Gosto da idéia de, além dos eventos institucionais (possíveis mostras artísticas, a apresentação de um espetáculo em contraponto ao Auto de Natal), encorajar os artistas afeitos à intervenção urbana a ganhar as ruas neste período, com suas instalações, grafites, poemas visuais, etc e tal, para, deste modo, modificar os espaços e a forma de receber os espaços dos passantes, dos viventes urbanos. Não adianta manter uma potência como esta enclausurada nas velhas instituições (galerias, teatros, meio artístico), o caso é de encher os corações e as praças com nosso material simbólico, com nossa força criativa, com nossas pulsões artísticas. Quero reforçar também a natureza totalmente democrática do #baixodenatal, que é mais que uma obra estática, ou mesmo que um protesto (que como disse @Quitériakelly no twitter pode ser algo pontual), é um movimento sem dono, que começa agora uma trajetória que pode nos levar às redenções que buscamos.
O bonito é que isso nasce do nosso principal processo de identificação, que é a arte, e por isso mesmo é, antes de político, um movimento artístico com desdobramentos políticos que devem ser considerados também. Para pôr fim a este artigo, digo que, mesmo que alguns não se dêem conta disso, o #baixodenatal já está acontecendo agora, mesmo que não queiram, mesmo que queiram guardá-lo para quando o carnaval chegar. É assim que funcionam as coisas na web, oras… É assim que funcionam as coisas na contemporaneidade. As coisas existem por si só depois de lançadas ao mundo, anarquicamente, sem ícones, sem líderes… O #baixodenatal é uma potência-cachorro-louco de contracultura na nossa cidadela, seus desdobramentos já começaram: vejam meu peito pulando!