Indignados com o constante desrespeito à classe teatral, um pequeno, mas barulhento grupo de artistas fez um protesto criativo na tarde dessa segunda-feira(28) no bairro do Alecrim. Vestidos de preto, os atores realizaram uma marcha fúnebre simbólica, com caixão e tudo mais, do único teatro municipal da cidade, o Sandoval Wanderley, fechado há dois anos. O ato teve início na praça Gentil Ferreira e seguiu até ao teatro, com um choro tragicômico que chamava a atenção dos transeuntes.
A marcha serviu também para fazer outras reclamações. Os manifestantes reclamavam dos cachês não pagos, como os do Auto de Natal, e de editais como o do Festival Agosto de Teatro, Lula Medeiros e Chico Vila, que ainda não tiveram os valores repassados para os grupos. O ator Rodrigo Bico (@rodrigobico), do grupo de teatro Facetas Mutretas e Outras Histórias, foi quem começou a movimentação na rede social Twitter. “No dia do teatro será que temos mesmo o que comemorar? Esse dia merecia um protesto por tudo que estamos passando nesses anos”.
A atriz Quitéria Kelly (@quiteriakelly) foi uma das pessoas que se uniu ao chamado do colega e teve a idéia do enterro: “O Bico fez o chamado. Então juntamos alguns participantes do Baixo de Natal (@baixodenatal) para somar com esse protesto.” Quitéria explica que a idéia do enterro surgiu quando ela se lembrou que há muito tempo Clotilde Tavares fazia oficinas que se chamavam “Enterrando a Ignorância”, em que um enterro simbólico era realizado no final.
Promessas
Em outubro do ano passado a REVISTA CATORZE entrevistou o antigo presidente da Fundação Capitania das Artes, Rodrigues Neto. Na época Rodrigues ressaltou que a prefeitura não tinha recursos próprios para reconstruir o Teatro Municipal, mas que havia conseguido habilitar um projeto junto ao Fundo Nacional de Cultura. “Estou apenas dizendo uma realidade. O Sandowal Wanderley estava interditado. Nós não vamos conseguir porque não temos recurso para reconstruir aquele teatro. Ele já está habilitado para receber dinheiro do Fundo Nacional de Cultura”.
Reportagem: Beto Leite
Fonte: Revista Catorze
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